2/10/2011

Por que os Rodoviários são contra o aumento da passagem de ônibus?


Não há melhorias nas condições de trabalho, em nosso salário, nem investimentos na frota. O reajuste vai pro bolso da patronal.

A $ENTRAN$BEL (sindicato das empresas de ônibus) protocolou pedido de reajuste de 16% na tarifa de ônibus. Caso aprovado o preço subirá para R$ 2,15. Um absurdo.

Os empresários dizem que a receita bruta das empresas em 2010 foi de R$ 483 milhões para um lucro líquido anual de R$ 40 milhões. Ou seja, os patrões dizem que investem mais de R$ 440 milhões por ano na melhoria do transporte, manutenção e na folha de pagamentos. Quanta mentira! O que se ganha não se reverte pros rodoviários e usuários. Hoje o salário do cobrador é R$ 602 e o motorista R$ 1097, uma miséria.

Os dados oficiais não levam em conta o que é sonegado, nem o caixa 2 dos empresários. Na última campanha salarial a patronal não quis negociar o plano de saúde dos trabalhadores de Ananindeua e Marituba, pois alegou que teria problemas com o “fisco”, assumindo que há maracutaias em suas contas. 

Um bom exemplo de que os reajustes da passagem não melhoram a vida dos rodoviários é que, recentemente, o SINTRAM denunciou que no final de linha do Cidade Nova 4 e Cidade Nova 6 não havia sequer água e banheiro, desrespeitando o acordo coletivo da categoria. Sem falar que a patronal vem demitindo inúmeros rodoviários.

Os empresários mentem:

- Salário dos rodoviários nada tem a ver com reajuste da tarifa. Ano passado, enquanto a tarifa aumentou quase 9% o salário dos rodoviários teve reajuste de apenas 6%.

- Redução de impostos e perdão de dívidas – Ano passado os empresários obtiveram perdão de dívida fiscal com o município no valor de R$ 84 milhões, e ainda redução do ISS (Imposto sobre serviços), que passou de 5% para 2%. Presente concedido pelos vereadores e o prefeito Duciomar.

- Não há renovação da frota: os ônibus estão sucateados, velhos, sujos, não dão conta da demanda e vivem quebrando. O termo de ajustamento de conduta assinado em dezembro de 2008 prevendo aquisição anual de novos ônibus não foi respeitado. Na Viação Forte, maior empresa da região metropolitana, somente 5 carros foram comprados em 2010. Entre 2007 e 2009 apenas 29. O funcionário da empresa de Mário Martins, o presidente da SETRANSBEL, foi preso adulterando ônibus usados para que se parecesse com ônibus novos. A chamada nova frota e os ônibus com acessibilidade são a sucata do sul e sudeste do país.
Por isso somos contrários ao reajuste e chamamos a mobilização contra esse ataque da SETRANSBEL, de Duciomar e Helder contra o bolso dos trabalhadores da região metropolitana.

Lutamos para:
- barrar o aumento
- garantir gratuidade nos ônibus aos domingos em Belém e em toda região metropolitana.
- garantir a legalização e fim da criminalização dos alternativos.
- mais ônibus e linhas
- fim das demissões
- garantia do acordo coletivo
- segurança nas garagens e finais de linha


Em defesa do transporte alternativo
Em Belém a CTBEL criminalizando o transporte alternativo das vans, kombis e motos.  No entanto inúmeros ônibus circulam com documentação atrasada, como as empresa do grupo Barata, sem que nenhuma autoridade tome providências.

Ao invés de atacar quem tenta ganhar a vida honestamente, a prefeitura deveria legalizar e qualificar os trabalhadores alternativos, pois eles são os únicos que atendem as áreas periféricas, onde as linhas de ônibus não existem.

Para expulsar ambulantes e prender o transporte alternativo eles são rápidos, mas quando é para regulamentar a lei que beneficia a população com a gratuidade em todos os ônibus aos domingos não há nenhuma pressa.

Greve na Perpétuo Socorro: Os rodoviários de Belém precisam de uma nova direção


Os rodoviários da empresa Perpétuo Socorro saíram de uma greve de nove dias. A greve mostrou disposição da categoria para lutar e se mobilizar, contra a exploração do grupo Barata. Trata-se da greve mais longa do transporte coletivo nos últimos 5 anos, mostrando a combatividade dos rodoviários de Belém. A categoria provou que tem energia de sobra para derrotar os patrões.

A luta surgiu pela carga horária. A empresa rodava na jornada de 8 horas, diferente do que se aplica nas outras empresas da região metropolitana. Isso demonstra que a patronal está preocupada apenas em garantir seus lucros e privilégios por meio da exploração dos trabalhadores.

Em meio a greve, a justiça atuou para favorecer os empresários ao determinar que 50% dos ônibus deveriam rodar, enquanto          que a CLT fala de apenas 30%. Infelizmente a justiça tem feito o jogo dos patrões nas últimas greves, como vimos na decisão que impediu a greve dos aeroviários e aeronautas.

Apesar de toda a combatividade, a greve terminou com uma dura derrota dos rodoviários. A principal pauta, a garantia da carga horária de 7 horas não foi conquistada e os dias parados foram descontados. Para o SINTRAM, essa derrota se explica em função da péssima direção que está à frente do sindicato de Belém. Altair e seus comparsas da CUT foram determinantes para derrotar os rodoviários. Isso já vem de antes: na campanha salarial de 2009 e 2010, eles foram responsáveis pelos acordos rebaixados em nossa categoria. Na última data-base, o sindicato de Belém não garantiu a assinatura do acordo impedindo que as empresas descumprirem a OJ (Orientação Jurisprudencial) que garante às 7 horas. Por isso surgiu a brecha que levou a empresa Perpétuo Socorro a aplicar as 8h da CLT. Isso só ocorreu porque a direção do sindicato estava mais preocupada em vender a data-base do em que garantir as 7 horas e demais direitos dos rodoviários. Ninguém esquece os R$ 175 mil que Altair e sua turma da CUT receberam dos empresários para impedir a greve em Belém.

SINTRAM garante 7h em Ananindeua
Em Ananindeua, o SINTRAM só assinou acordo quando havia garantia do cumprimento da OJ. A patronal queria uma brecha para aplicar a CLT. Por isso ficamos de maio a novembro lutando para garantir as 7horas e só fechamos o acordo quando não havia margem para manobras com a carga horária. Nossa luta pelas 7 horas começou em fevereiro de 2010 com paralisação na Forte. Nesse período, mesmo antes da data base, já havíamos conquistando, por meio de paralisação, a aplicação de 7h na maior empresa da região metropolitana. Isso garantiria que na campanha salarial de maio toda categoria conseguisse essa vitória. Foi isso que aconteceu em Ananindeua e Marituba sob a direção do SINTRAM. 

É preciso uma nova direção em Belém
Os trabalhadores da Perpétuo Socorro, a garagem mais combativa de Belém, devem tirar uma lição dessa derrota: É preciso uma nova direção para o sindicato de Belém. Caso contrário, os rodoviários continuarão a ter derrotas econômicas e perdas sociais. É preciso uma nova direção, pois com Altair e sua turma, assim como com todos os que estiveram com Natal, não é possível conquistar nada. 

Nos solidarizamos a luta dos rodoviários de Belém e apoiamos a construção de uma oposição combativo, classista e independente dos patrões em Belém, visando reunificar nossos sindicatos e nossa categoria. 

Nessa data-base os rodoviários devem seguir os passos do SINTRAM, fortalecer uma oposição e garantir que uma comissão de base, eleita em assembléia da categoria, dirija a luta em unidade com Ananindeua e Marituba.