No
final da linha do Curuçambá, motoristas e cobradores exibem o furo de bala que
teria atingido um dos veículos semana passada, durante tentativa de assalto. O
pequeno cômodo onde fica o fiscal, ao lado de um PM Box desativado, já teria
sido assaltado seis vezes. Segunda-feira (23), dois ônibus da linha teriam sido
roubados, segundo motoristas. A insegurança e os crimes constantes são os motivos
que levaram o Sinatram (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e
Marituba) a organizar uma paralisação a partir de hoje, às 19h, das linhas
Curuçambá – Ver-o-Peso, Curuçambá – UFPA e Curuçambá – Pátio Belém.
Neia
Moura, 31 anos, doméstica, depende do Curuçambá – Pátio Belém e afirma que a
paralisação irá atrapalhá-la. “A gente não tem outra opção para ir para Belém.
Vai ser horrível”, reclama a doméstica. Raquel Passos, 36 anos, estudante,
também depende dos ônibus para sair do bairro. Ela entende que a paralisação
pode aumentar a segurança dos veículos, mas acredita que não é justificável. “A
gente sabe que tem muitos assaltos, mas acho que a gente não pode ser
prejudicado por causa disso”, opina a estudante. “A partir das sete da noite, o
final da linha fica muito perigoso. Quase todo dia assaltam um. A gente não tem
segurança nenhuma para trabalhar”, protesta um motorista que não quis se
identificar. Outro motorista afirma que, por pouco, não foi assaltado
anteontem. “Os bandidos chegaram e falaram que iam assaltar três carros. Dois
eles assaltaram, o terceiro era o meu”, denuncia.
Representantes
do sindicato dos rodoviários e das empresas responsáveis pelas linhas devem ser
reunir ainda hoje à noite. A expectativa é que a negociação tenha como
resultado reforço na segurança do final da linha e nos veículos. De acordo com
a assessoria de impressa do Sinatram, apenas neste mês, os ônibus das linhas já
foram assaltados 12 vezes.
Justiça
autoriza Transuni a circular frota para não prejudicar usuário
Uma
liminar concedida pela desembargadora Eliana Rita Abufaid, no último dia 19,
garantiu o retorno da circulação dos ônibus da Transuni em Belém. A empresa
estava impedida de operar desde o dia 6 de março, após determinação do juiz
titular da 2ª Vara de Fazenda Pública de Belém, Marco Antônio Castelo Branco. A
magistrada, em exercício da presidência do Tribunal de Justiça do Pará
(TJE-PA), acolheu os argumentos da Companhia de Transportes de Belém (CTBel),
que sustentou que a Transuni opera desde 2008 por áreas que antes não contavam
com o transporte coletivo. Além disso, 40 mil usuários foram prejudicados.
Ao
todo, a Transuni opera um total de dez linhas de ônibus que atendem os bairros
do Tapanã, Jardim Sideral, conjunto Eduardo Angelim e também os distritos de
Outeiro e Mosqueiro. Para o presidente da empresa, Ismael Andrade, a suspensão
dos serviços interessava apenas a um determinado grupo que tenta “monopolizar”
o transporte coletivo da capital. A Transuni se formou da união de 18 cooperativas
que faziam o transporte alternativo irregular.
“Eles
perceberam que as linhas que a empresa atende são rentáveis, então isso gerou
certo interesse. Porém, nós estamos operando com base num estudo feito pela
CTBel, os micro-ônibus circulam por áreas por onde outras linhas não
circulavam”, comentou Ismael.
Apesar
da suspensão de serviço, Ismael frisou que 40% da frota permaneceram em
circulação por Belém. “A decisão não estava muito clara, por isso essa
quantidade de ônibus permaneceu em operação. Até porque tem usuários que
dependem destes serviços”, justificou. A maior parte dos usuários ainda não
sabe da liminar expedida pela desembargadora. Este é o caso da funcionária
pública Sara Nunes, 30 anos, que aprovou o retorno da frota às ruas. “Serão
mais ônibus circulando. A gente espera muito tempo na parada e à noite é muito
pior”, comentou.
No
Terminal de Integração que fica ao lado da garagem da Transuni, na rodovia
Arthur Bernardes, poucos usuários e muitos ônibus parados. Para a passageira
Sidna Alcântara, este já foi o sinal de que a frota já estava circulando
completa, porque há algumas semanas ela afirma que o cenário era diferente no
local. “A gente vinha para cá e esperava mais de meia hora pelo coletivo. A
alternativa era pegar van para não chegar atrasada ao trabalho. Eu gastava
quase 10 reais com transporte todos os dias”, ressaltou.
A
CTBel ainda não foi notificada oficialmente da decisão, mas já antecipou que
não irá se pronunciar a respeito. A assessoria de imprensa do TJE também
informou que a desembargadora não deverá se manifestar.
VALIDADOR
Mesmo
com a determinação que garante a operação da frota pela capital, o presidente
da Transuni, Ismael Andrade, acredita que apenas uma parte do problema foi
solucionado. Falta o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de
Belém (Setransbel) liberar o validador digital – aparelho que é usado para o
Vale Digital. “Nós estamos tentando dialogar com o Setransbel para conseguir a
liberação do validador e instalarmos em nossos micro-ônibus. Tem usuário que
deixa de usar o nosso transporte porque não pode pagar a passagem com o Vale
Digital”, informou Andrade.
A
mesma reclamação fez o motorista Arimater Lima, que afirmou que com o validador
vai melhorar o serviço prestado à população. “A gente para e as pessoas
perguntam se aceita Vale Digital. Como não temos o equipamento, perdemos o
passageiro e ele fica mais tempo na parada esperando por outro coletivo”,
comentou. Ontem, Ismael ia tentar agendar uma nova reunião com o Setransbel
para solicitar novamente o equipamento. Ele disse que, se o sindicato não
liberar os aparelhos, poderá entrar com uma ação na Justiça. A reportagem
procurou o Setransbel, mas ninguém atendeu às ligações. (Diário do Pará)
(Foto: Mauro Angelo)
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