4/25/2012

Ônibus do Curuçambá podem parar na noite de hoje


No final da linha do Curuçambá, motoristas e cobradores exibem o furo de bala que teria atingido um dos veículos semana passada, durante tentativa de assalto. O pequeno cômodo onde fica o fiscal, ao lado de um PM Box desativado, já teria sido assaltado seis vezes. Segunda-feira (23), dois ônibus da linha teriam sido roubados, segundo motoristas. A insegurança e os crimes constantes são os motivos que levaram o Sinatram (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba) a organizar uma paralisação a partir de hoje, às 19h, das linhas Curuçambá – Ver-o-Peso, Curuçambá – UFPA e Curuçambá – Pátio Belém.
Neia Moura, 31 anos, doméstica, depende do Curuçambá – Pátio Belém e afirma que a paralisação irá atrapalhá-la. “A gente não tem outra opção para ir para Belém. Vai ser horrível”, reclama a doméstica. Raquel Passos, 36 anos, estudante, também depende dos ônibus para sair do bairro. Ela entende que a paralisação pode aumentar a segurança dos veículos, mas acredita que não é justificável. “A gente sabe que tem muitos assaltos, mas acho que a gente não pode ser prejudicado por causa disso”, opina a estudante. “A partir das sete da noite, o final da linha fica muito perigoso. Quase todo dia assaltam um. A gente não tem segurança nenhuma para trabalhar”, protesta um motorista que não quis se identificar. Outro motorista afirma que, por pouco, não foi assaltado anteontem. “Os bandidos chegaram e falaram que iam assaltar três carros. Dois eles assaltaram, o terceiro era o meu”, denuncia.
Representantes do sindicato dos rodoviários e das empresas responsáveis pelas linhas devem ser reunir ainda hoje à noite. A expectativa é que a negociação tenha como resultado reforço na segurança do final da linha e nos veículos. De acordo com a assessoria de impressa do Sinatram, apenas neste mês, os ônibus das linhas já foram assaltados 12 vezes.


Justiça autoriza Transuni a circular frota para não prejudicar usuário
Uma liminar concedida pela desembargadora Eliana Rita Abufaid, no último dia 19, garantiu o retorno da circulação dos ônibus da Transuni em Belém. A empresa estava impedida de operar desde o dia 6 de março, após determinação do juiz titular da 2ª Vara de Fazenda Pública de Belém, Marco Antônio Castelo Branco. A magistrada, em exercício da presidência do Tribunal de Justiça do Pará (TJE-PA), acolheu os argumentos da Companhia de Transportes de Belém (CTBel), que sustentou que a Transuni opera desde 2008 por áreas que antes não contavam com o transporte coletivo. Além disso, 40 mil usuários foram prejudicados.
Ao todo, a Transuni opera um total de dez linhas de ônibus que atendem os bairros do Tapanã, Jardim Sideral, conjunto Eduardo Angelim e também os distritos de Outeiro e Mosqueiro. Para o presidente da empresa, Ismael Andrade, a suspensão dos serviços interessava apenas a um determinado grupo que tenta “monopolizar” o transporte coletivo da capital. A Transuni se formou da união de 18 cooperativas que faziam o transporte alternativo irregular.
“Eles perceberam que as linhas que a empresa atende são rentáveis, então isso gerou certo interesse. Porém, nós estamos operando com base num estudo feito pela CTBel, os micro-ônibus circulam por áreas por onde outras linhas não circulavam”, comentou Ismael.
Apesar da suspensão de serviço, Ismael frisou que 40% da frota permaneceram em circulação por Belém. “A decisão não estava muito clara, por isso essa quantidade de ônibus permaneceu em operação. Até porque tem usuários que dependem destes serviços”, justificou. A maior parte dos usuários ainda não sabe da liminar expedida pela desembargadora. Este é o caso da funcionária pública Sara Nunes, 30 anos, que aprovou o retorno da frota às ruas. “Serão mais ônibus circulando. A gente espera muito tempo na parada e à noite é muito pior”, comentou.
No Terminal de Integração que fica ao lado da garagem da Transuni, na rodovia Arthur Bernardes, poucos usuários e muitos ônibus parados. Para a passageira Sidna Alcântara, este já foi o sinal de que a frota já estava circulando completa, porque há algumas semanas ela afirma que o cenário era diferente no local. “A gente vinha para cá e esperava mais de meia hora pelo coletivo. A alternativa era pegar van para não chegar atrasada ao trabalho. Eu gastava quase 10 reais com transporte todos os dias”, ressaltou.
A CTBel ainda não foi notificada oficialmente da decisão, mas já antecipou que não irá se pronunciar a respeito. A assessoria de imprensa do TJE também informou que a desembargadora não deverá se manifestar.
VALIDADOR
Mesmo com a determinação que garante a operação da frota pela capital, o presidente da Transuni, Ismael Andrade, acredita que apenas uma parte do problema foi solucionado. Falta o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém (Setransbel) liberar o validador digital – aparelho que é usado para o Vale Digital. “Nós estamos tentando dialogar com o Setransbel para conseguir a liberação do validador e instalarmos em nossos micro-ônibus. Tem usuário que deixa de usar o nosso transporte porque não pode pagar a passagem com o Vale Digital”, informou Andrade.
A mesma reclamação fez o motorista Arimater Lima, que afirmou que com o validador vai melhorar o serviço prestado à população. “A gente para e as pessoas perguntam se aceita Vale Digital. Como não temos o equipamento, perdemos o passageiro e ele fica mais tempo na parada esperando por outro coletivo”, comentou. Ontem, Ismael ia tentar agendar uma nova reunião com o Setransbel para solicitar novamente o equipamento. Ele disse que, se o sindicato não liberar os aparelhos, poderá entrar com uma ação na Justiça. A reportagem procurou o Setransbel, mas ninguém atendeu às ligações. (Diário do Pará)

Ônibus do Curuçambá podem parar na noite de hoje (Foto: Mauro Angelo)


(Foto: Mauro Angelo)

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